Perguntas e Respostas
Comissão Doutrinária – International Catholic Charismatic Renewal Services
Ano 2017
As pessoas hoje em dia falam muito sobre “Transmissão de Unção” do Espírito Santo de uma pessoa para outra. Isso é válido e legítimo para Católicos?
O termo “transmissão de unção” é muitas vezes usado hoje em dia para falar de como a graça do Espírito Santo pode ser passada de uma pessoa para outra. A graça pode ser um carisma específico ou uma manifestação do Espírito, ou um derramamento novo do Espírito, ou Batismo no Espírito Santo. Aqueles que têm uma unção particular são muitas vezes aqueles que Deus usa como instrumentos para transmitir essa mesma unção a outros no Corpo de Cristo. Transmissão de Unção, nesse sentido, não deve ser confundida com os dons plenos do Espírito Santo que nos são dados através dos Sacramentos do Batismo e da Confirmação, nem com o dom do ministério ordenado que é conferido através do Sacramento da Ordem. O fato de que o Espírito Santo pode transbordar de um crente para outro é um sinal da interligação do Corpo de Cristo, no qual todos os membros estão juntos e unidos no amor (Efésios 4,16).
Há muitos exemplos de transmissão de unção do Espírito Santo nas Escrituras. Às vezes ela acontece através da imposição de mãos; em outras ocasiões é simplesmente através de uma oração, ou mesmo apenas por estar na presença de outra pessoa ungida pelo Espírito Santo. No Antigo Testamento, por exemplo, Deus tomou um pouco do espírito que estava sobre Moisés e o derramou sobre os setenta anciãos, para que eles pudessem compartilhar o fardo da liderança com ele (Números 11,16-25). Mais tarde, Josué ficou cheio do Espírito Santo para que ele pudesse suceder Moisés como líder de Israel; Neste caso, foi através da imposição de mãos por Moisés (Dt 34,9). De uma forma mais espontânea, um espírito profético foi dado ao Rei Saul simplesmente por estar na presença de alguns profetas (1 Sam. 10,10-11). A unção profética do profeta Elias foi transferida para o seu filho espiritual Eliseu antes de Elias ser levantado ao céu (II Reis 2, 9-15). Eliseu pediu por uma “porção dobrada” do espírito de seu mestre — ou seja, sua unção para curas, milagres, profecia e para trazer o povo de Deus à conversão – e ele recebeu o que pediu.
No Novo Testamento, depois de Maria ter ficado cheia com o Espírito Santo, na Anunciação, ela visitou sua prima Isabel e, simplesmente por sua presença e saudação, o Espírito Santo foi transmitido de Maria para Isabel e para o seu feto (Lc 1, 41-44), e então Isabel começou a transbordar de alegria e louvor a Deus. Nos Atos dos Apóstolos, um crente comum chamado Ananias foi enviado por Jesus para transmitir o Espírito Santo a Paulo através da imposição de mãos (Atos 9, 17). Mais tarde, Cornélio e seus amigos ficaram cheios do Espírito Santo simplesmente por ouvir a pregação ungida do Evangelho, feita por Pedro (Atos 10,34-44).
Em sua Carta aos Romanos, Paulo escreveu que ele desejava visitar os crentes de Roma para que ele pudesse transmitir um dom espiritual para eles e assim fortalecê-los (Rom 1,11). Não é de estranhar que Paulo desejasse fazer isso, pois ele bem sabia que toda a sua própria fecundidade no Ministério era fruto da unção do Espírito Santo (Rom 15,17-19).
Todos estes exemplos são distintos do dom Sacramental do Espírito Santo que é dado no Batismo (Atos 2,38), no Crisma (Atos 8,:14-17) e no Sacramento da Ordem (1 Tm 4,14).
Ao longo da história da Igreja, vemos também exemplos de transferência/transmissão de unção do Espírito, onde os bens espirituais são continuamente compartilhados entre os fiéis no céu e na terra. São Francisco Xavier ensinou crianças a curar os doentes, passando para elas, de alguma forma, o seu dom de cura e evangelização. Santa Teresa de Lisieux, depois de refletir sobre o pedido de Eliseu a Elias, pediu que “todos os Santos no céu obtivessem para ela uma porção dobrada do seu amor”; e esse amor frutificou em muitos frutos em sua própria vida.
É evidente, a partir de todos esses exemplos, que a unção do Espírito Santo pode ser transmitida em uma variedade de formas, mas sempre para que a graça de Deus possa ser mais plenamente operada na vida de uma pessoa. A transmissão de unção não é algo que os seres humanos podem fazer por seu próprio poder. É um ato de Deus e depende da Sua vontade e da Sua graça. No entanto, é algo porque podemos rezar e buscar. Na verdade, Jesus ensinou, “E eu vos digo: pedi e dar-se-vos-á… Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem (Lc 11, 9-13). E Paulo continuamente exorta os crentes, “mas enchei-vos do Espírito Santo” (Ef 5,18) e “aspirai igualmente aos dons espirituais” (1 Coríntios 14,1). Deus ama liberar os dons que estamos buscando através dos outros no Corpo de Cristo. Isso nos mantém humildes e dependentes uns dos outros.
É importante evitar dizer que recebemos uma transmissão da unção do Espírito só porque recebemos oração de alguém em particular. As graças do Espírito Santo são conhecidas por seus frutos. A única maneira de saber se você realmente recebeu uma transmissão da unção do Espírito Santo é se o Espírito Santo começar a se manifestar em sua vida de uma forma nova, de acordo com o carisma desejado/ buscado.